Somos dotados de várias
capacidades e dons. Ouso afirmar que cada ser humano enquanto ser-vivente é
naturalmente portador de dons singulares. Por uma razão muito simples e lógica:
não somos iguais! Sim, constatação óbvia, porém ignorada ao longo da História
da humanidade.
Toda tentativa de aprisionar o
ser-vivente acaba por trazer frustração à alma. Por isso, buscamos objetivos na
vida, como meio de nos livrarmos do congelamento do interior. Alguns concentram
sua busca faminta de vida nas mais variadas experiências físicas e mentais que
ultrapassem o comum, o singular.
Então viciam-se em drogas, sexo e
outras coisas que os fazem sentir que estão vivendo a vida, sendo ser-vivente e
não ser-existente. Por outro lado, há aqueles que decidiram ser-existentes,
vendo a vida passar, aprisionados por um conjunto de coisas que geram medo de
ser-vivente.
Este estado é geralmente atrelado
a culpa e insegurança. Ora, alguém culpado não se defende, apenas se julga e
assim vive condenado. Uma vez condenado, a culpa não cessará, ocorrerá o
inverso: ela voltará com novos argumentos e com uma força ainda maior.
Havendo culpa, haverá o medo de
tentar. Por via das dúvidas, a escolha sempre é ser um ser-existente, deixando
que a vida seja apenas horas e dias que se vão. Outros, acham que ser
ser-vivente é fazer tudo que dá na “telha”.
Mas ninguém compreende o que de fato é viver.
Viver é um estado contínuo, que
inclui todos os acontecimentos físicos, naturais e mentais. Físicos e naturais
porque estamos na Terra e tudo que acontece nela nos afeta, sejam eleições, catástrofes,
mortes, nascimentos e etc. Mentais porque sendo seres-viventes não há como
aprisionar a mente sem que isso engesse a alma.
De toda sorte, somente se consegue
ser ser-vivente quando se tem um encontro visceral com o amor, quando se
aliviam os pesos e as bagagens do passado, quando se dá a alma o alimento que
ela precisa e que vem diretamente de quem a criou.
Ser-vivente caminha longe de
qualquer presunção de poder, de glória. Essas coisas apenas enchem o coração
carnal do homem, sem ter o poder de plantar nele a semente do amor, que cresce
para a eternidade.
Quando falo sobre ser-vivente e
ser-existente me preocupo com as interpretações que geralmente vão em dois
sentidos: o primeiro deles é a vontade avassaladora de fazer tudo que se quer
fazer, sem antes pensar se aquilo que se quer fazer vai trazer bem.
O segundo sentido é que aquele
que lê traz consigo toda sua bagagem e não vai permitir que tais sementes caiam
em boa terra, pois a culpa e o medo de deixar com que o calor do que foi falado
descongele a alma é muito grande e produz um terror terrível, pois o único
estado seguro até então conhecido é o de ser-existente, pois não se quer correr
riscos sendo um ser-vivente e um ser pensante.
Por isso, todos precisamos
discernir as ocasiões com parcimônia, sem exageros de nenhum dos lados, pois
todo o exagero gera prisão da mente que gera alma angustiada e engessada. Essas
são algumas das causas frequentes de toda tristeza e vazio existencial que
acomete o ser humano.
O ser-existente tende a ser mais
conformado com tudo, acredita que aquilo que lhes vem aos ouvidos é precioso,
principalmente se soar como afirmação do seu engessamento, da sua culpa e do
seu medo. Mas a vida implica em encontros interiores viscerais, expondo os
nervos, para que ao mínimo sopro nossa fragilidade se revele e seja enfrentada
com a coragem do que se enxerga, para poder ser um ser-vivente desculpado,
desassombrado, firme e com caráter na vida.
Que hoje a gente enxergue lá
dentro do que somos, onde ninguém se esconde, nem de si mesmo. E uma vez exposto
o nosso conteúdo, que a semente do amor, seja plantada e germine para a
eternidade. Não tenha medo, apenas deixe a voz que fala e faz arder o seu
coração prosseguir, tirando o frio e o gesso de sua alma e transformando-o em
um ser-vivente! Sim, apenas venha! E os dons naturais serão aprimorados, sem
medos!
Um grande abraço!
15:18
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